Sempre quis ter um blog pra poder postar um disco como esse. Estas são as minhas palavras, as palavras que seguem abaixo são de autoria de Yasmin Muller.
"Miranda Kassin e André Frateschi são velhos conhecidos da noite paulistana. Com seus projetos de releituras – ela de Amy Winehouse, ele de David Bowie -, tornaram a ideia de bandas “cover” menos detestável, levando suas interpretações a um nível quase performático – o “cover” era, na verdade, um espetáculo, um show. A relação do casal com o teatro e a arte das cenas escancarava esse resultado.
O conceito de Hits do Underground veio em sugestão de Plínio Profeta – que acabou por produzir o disco -, e Alê Youssef – sócio do Studio SP, onde o casal performava seus projetos há anos, na Augusta paulistana. Escolher certas faixas que vieram a se tornar referências para nichos específicos até dentro da música independente nacional, quase hinos nas festas independentes da última década, e transformá-las em música pop, bagunçando as referências originais com o estrangeirismo e as máscaras de Kassin e Frateschi.
Entre as onze faixas escolhidas, vemos representantes da prolífica cena nordestina, gaúcha, mato-grossense e, é claro, paulistana. O disco abre com Vanguart e sua grudenta Semáforo; depois Magrela Fever, de Curumin, vira a balada em dueto, que nem dá pistas do cavaquinho original; e Mombojó vem com Deixe-se Acreditar que, junto com Artista é o Caralho, de Rubinho Jacobina, nos traz a real noção de hino do cenário nacional independente. As exceções são Zeitgest – música inédita de Numismata, que ficou de fora do disco Chorume, de 2009 – e Só Tetele, d’Os Mulheres Negras, que surge lá dos anos 90 como grupo referência pro casal Kassin-Frateschi – banda de André Abujamra e Maurício Pereira.
O disco cumpre bem o seu papel declarado: tornar pop e acessível a um grande (ou médio) público canções já conhecidas e cantadas por segmentos de uma geração. Plínio Profeta na produção já dá o tom do caminho que Miranda Kassin e André Frateschi queriam seguir – responsável por grandes discos de nomes como Lenine, O Rappa, Pedro Luís e a Parede passando por Pavilhão 9, Kátia B, De Leve até Lucas Santtana. Referências múltiplas sempre com roupagem pop – ou pelo menos abertura para o popular grande público, a nível de sonoridade. Hits do Underground reapresenta músicas já queridas de alguns, para outros. Ou pode servir apenas para os curiosos verem como recriaram músicas já tão íntimas de si, e de tantas especificidades. Por que não?"
Yasmin Muller é Programadora Musical da Rádio UFSCar
Trackslit:
01- Semáforo (Vanguart)
02- Magrela Fever (Curumin)
03- 220 Volts (ODegrau)
04- Deixe-se Acreditar (Mombojó)
05- Dê (Cérebro Eletrônico)
06- Zeitgeist (Numismata)
07- Fita Bruta (Wado)
08- Artista é o Caralho (Rubinho Jacobina)
09- O dia em que Seremos Felizes (Ludov)
10- Só Tetele (Os Mulheres Negras)
11- Rodando El Mundo (Wander Wildner)
Simplesmente um dos melhores discos do ano. Foi muito legal ver essas versões de músicas que a gente estava acostumado a ouvir de outra forma.
ResponderExcluirNota 10!
Parabéns pelo blog!
Concordo. Penso que a gente percebe com mais clareza quando uma música é realmente boa, quando a ouvimos em outra interpretação. Abraço e obrigado pela visita.
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